Burros e mulas modernizam produção de café em Minas Gerais

Na Serra da Canastra, o moderno e o tradicional convivem juntos. Colheitadeiras complexas trabalham com burros e mulas.

Berço do Rio São Francisco, a Serra da Canastra é conhecida por suas nascentes cristalinas, as cachoeiras cinematográficas, os vastos chapadões, a cultura genuína de hospitalidade carinhosa e o produto que virou referência nacional: o saboroso queijo tipo Canastra. Não deve demorar muito, você vai ouvir falar também do café da Canastra, o clima local é bastante favorável ao café de qualidade. Nos últimos 10 anos, a cultura cresceu na região de dois milhões para 30 milhões de pés. Alessandro de Oliveira é um agrônomo que virou cafeicultor e passou a ser também pesquisador por sua conta e risco nas próprias fazendas.

A tropa de passeio é consequência dos experimentos que ele desenvolve em São Roque de Minas. Do mesmo jeito que se une o útil ao agradável, se une o agradável ao útil. A mesma mula que leva o pessoal para passear é treinada para o serviço no café. Animal de lazer no fim de semana, em dia normal, a tropa é de trabalho.

Na movimentação da fazenda, o antigo e o moderno se misturam, tem muita máquina, mas a presença dos animais também é constante. O vai-e-vem das burradas puxando as carroças lembra um desfile de alegorias, um cortejo inusitado de engenhocas boladas e adaptadas para vários tipos de serviço. Para a aplicação de defensivos, inicialmente os trabalhos eram feitos com uma bomba motor bem barulhenta, modelo que evoluiu para uma máquina silenciosa e simples.

Num ritmo e balanço típicos de charrete, o equipamento se embrenha leira afora na mesma toada de um trator. De baixo impacto, o produto é sistêmico e injetado debaixo da saia, no pé da planta. O bico do pulverizador tem ajuste para não formar gotículas capazes de intoxicar o animal. A bomba tem um sistema de autoregulagem de pressão para não haver falta ou exagero da calda aplicada.

A mula espadilha foi treinada, assim como suas colegas de tropa. A virada de fim de linha é mais ligeira do que um trator e também mais econômica, pois não gasta combustível e é silenciosa, não tem ronco de máquina que incomode o animal. A rua de café é bem estreita. No estande convencional, a distância entre as linhas de plantas é de três e meio a quatro metros. Para facilitar a passagem dos tratores, a distribuição foi reduzida para dois metros e meio, para caber mais plantas por hectare. O objetivo é aumentar a produtividade. O convencional rende, em média, 40 sacas por hectare e o adensado garante no mínimo 50 sacas. Só que tem um inconveniente: quando o café cresce, nenhum trator passa pela rua. Daí, a mula.

A braquiária tem um papel importante no sistema cujo alicerce se assenta com um procedimento inusitado também. Uma boa lavoura de café só vai para frente se tiver dois elementos essenciais, cálcio e enxofre. Os dois minerais estão contidos em um produto chamado gesso agrícola. Todo cafeicultor aplica gesso agrícola, a quantidade padrão fica em torno de uma tonelada por hectare, mas a aposta desta vez é no exagero da dose, 28 toneladas por hectare!

Já faz mais de 10 anos que a aplicação maciça de gesso começou. E as lavouras, o agrônomo garante, não só reagiram bem como apresentam boa produção contínua.

  Fonte: Globo Rural Adaptação: Revista Agropecuária

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