Amostragem de solo em Agricultura de Precisão

Quando se pensa no planejamento para a implantação de uma lavoura, a primeira coisa que deveria vir a cabeça do produtor rural é quanto a qualidade física, química e biológica do solo o qual pretende-se trabalhar, afinal, este dará suporte ao desenvolvimento das culturas agrícolas. Os solos brasileiros possuem enorme potencial produtivo, entretanto, para que este potencial seja expresso em produtividade das culturas deve-se pensar na condução de um sistema sustentável a longo prazo. Não é possível estruturar um solo física, química ou biologicamente de um dia para o outro, é necessário planejamento.

O avanço da tecnologia e da mecanização agrícola tem levado ao campo metodologias e técnicas de manejo que trazem mais precisão as diversas práticas agrícolas. Com isso surgiu o conceito de "Agricultura de Precisão", que consiste num conjunto de técnicas e tratos culturais realizados em uma determinada área de produção com a finalidade de fornecer o que consideramos o ideal para o desenvolvimento das culturas.

A agricultura de precisão compreende amostragem do solo georreferenciadas, uso de GPS (global positioning system) em plantadoras, implementos e colhedoras, aplicação de técnicas de geoestatística e utilização de mapas de variabilidade espacial, aplicação de calcário, fertilizantes e defensivos em taxa variável, ou seja, trabalha-se com a variabilidade espacial, identificando os diferentes pontos onde as variáveis assumem características de máximo, médio, mínimo e seus valores intermediários.

Como exemplo, em relação à necessidade de calagem de uma determinada área de produção, através da amostragem de solo é realizado o procedimento geoestatístico originando um mapa de fertilidade da área. Através deste mapa de fertilidade é possível identificar áreas que não precisam aplicar calcário, áreas que demandam baixas doses de calcário, áreas que demandam doses intemédiárias e áreas mais pobres e mais ácidas que precisam de elevado nível de calagem. Com base nisso, a calagem pode ser realizada em taxa variável através de implemento que possui este recurso aplicando-se a dosagem diferente para cada área do mapa conforme a sua necessidade.

Para que estas técnicas funcionem de maneira adequada é necessário que os dados sejam coletados de forma correta para a elaboração destes mapas. A amostragem de solo na agricultura de precisão requer alguns cuidados especiais. Na amostragem de solo convencional selecionamos as áreas de acordo com a sua homogeneidade, para isso, uma gleba é caracterizada por apresentar uma mesma vegetação ou mesmo tipo de cultivo, relevo similar, tipo, cor, estrutura e textura do solo homogêneas, etc. Para cada gleba homogênea é realizada uma amostragem de solo, nesta amostragem são retiradas de 20 a 30 pontos aleatórios, geralmente nas profundidades de 0-20 cm, as amostras destes pontos são misturadas, homogeneizadas e retira-se desta uma amostra composta, com aproximadamente 500 g de solo. Neste sistema de amostragem do solo, recomenda-se que as glebas homogêneas compreendam no máximo 10 hectares para maior representatividade.

A grande diferença entre o método convencional e a agricultura de precisão está no critério de amostragem e no aumento da representatividade destas amostras. Apesar de conceituar e separar uma gleba dita como homogênea, esta pode ser homogênea visualmente por nossos conceitos, mais na prática há intensa variabilidade química, física e biológica deste solo. Para se trabalhar com agricultura de precisão, o que interessa é exatamente a variabilidade dentro desta gleba. Para isso, a gleba homogênea de 10 hectares que no sistema convencional corresponde a uma amostra composta será subdividida em subglebas de 1 hectare, 2 hectares ou 2,5 hectares. Esta subdivisão é o que se pode chamar de malha de amostragem ou grade de amostragem. É como se pegássemos a área e colocasse sobre ela uma malha quadriculada, onde cada quadricula corresponde a 1 hectare por exemplo.

Neste caso, dentro desta gleba teríamos, portanto, 10 subglebas ou 10 grades de amostragem. Para cada subgleba será georreferenciado um ponto central. Neste ponto central será realizado uma amostragem de solo, outros pontos serão amostrados para compor a amostra representativa, pode-se coletar dentro desta subgleba de 20 a 30 pontos aleatórios para compor a amostra composta desta subárea ou fazer uma amostragem pontual na qual as sub-amostras são coletadas em um raio de 3 a 6 m do ponto central. Portanto neste caso, seriam realizadas 10 amostragens de solo para esta área de 10 hectares com uma grade de 1 hectare. Para esta mesma área, numa grade de 2 hectares seriam realizadas 5 amostragens e na grade de 2,5 hectares seriam realizadas 4 amostragens e daí por diante.

Não existe uma subdivisão ideal, ou uma grade ideal de amosttragem, sabe-se que quanto menor a malha de amostragem, mais preciso e real serão os mapas de fertilidade. A escolha da grade para amostragem em agricultura de precisão varia também em relação à viabilidade econômica desta operação.

Para amostragem de solo em agricultura de precisão pode-se utilizar ferramentas tradicionais como enxadão, trado holandês, trado rosca, trado calador, etc. Entretanto, inúmeras outras ferramentas inovadoras e de custo relativamente reduzidos já estão disponíveis no mercado, o mais tradicional é o quadriciclo coletor de solos que é totalmente automatizado e atinge um rendimento impressionante, os amostradores portáteis elétricos tipo rosca helicoidal com balde coletor também são amplamente utilizados e podem ser acoplados ao sistema elétrico de tratores ou veículos.

Estes equipamentos permitem a coleta de 0-20, 20-40 e 40-60 cm que é outro aspecto importante, trabalhar a fertilidade e estruturação do solo em profundidade. Há ainda empresas especializadas neste aspecto que atuam desde a amostragem do solo até a aplicação de corretivos e fertilizante em taxa variável. Portanto, uma amostragem de solo criteriosa e bem feita é fundamental importância para a implantação e o sucesso das técnicas de fertilidade do solo em sistema de agricultura de precisão.

 

Por: Josimar Rodrigues Oliveira; Engenheiro Agrônomo Adaptação: Revista Agropecuária  

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