Irrigação da lavoura: De onde e como usar a água

Agricultura e água são duas combinações que resultam em campos verdes. No Brasil, quase 7% dos recursos hídricos são usados na irrigação da lavoura e parte dessa água é proveniente do Aquífero Guarani, a segunda maior reserva do planeta.

O Aquífero Guarani é uma reserva gigante de água doce, que se estende pelo subsolo dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e abarca os países Argentina, Paraguai e Uruguai.

Para não depender dos ciclos naturais de chuva, o produtor de batata da fazenda Campo Fino, uma propriedade que fica em Casa Branca (São Paulo), investiu na irrigação com água proveniente do Aquífero Guarani e colhe entre 35 e 45 toneladas do legume por hectare, três vezes a média da região. Segundo o produtor sem a irrigação não seria possível a plantação de batata, que com o investimento cresce bonita.

A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), em dados, confirma a importância da irrigação para a oferta e a produtividade de alimentos, pois, com a irrigação, por exemplo, o rendimento da cebola dobra e do milho triplica.

Além do Aquífero Guarani, outra forma de usar a água nas propriedades rurais são os córregos, rios e açudes. Quanto ao primeiro, é válido esclarecer que se trata de uma rocha muito porosa e permeável, que a cada chuva caída na área aquífera, com absorção da água pelo solo, serve de armazém da água infiltrada, segundo esclarece o geólogo José Luiz de Mendonça. Segundo ele, a chuva é responsável por manter a reserva subterrânea. No entanto, a recarga é muito lenta, pois a água penetra o solo a uma velocidade de 1,5 metros a 2 metros por ano.

Por causa dessa condição, o acesso à riqueza aquífera tem normas. Um agricultor, por exemplo, precisaria contratar um geólogo para fazer a análise do solo e subsolo. O departamento de água e energia elétrica, ligado à secretaria Estadual de Recursos Hídricos é responsável pela aprovação do acesso ao aquífero. Após a aprovação e com o projeto pronto são necessários 30 dias para liberação e o início da obra.

Segundo o geólogo, Renivaldo José de Guzzi, a construção para a exploração da água do aquífero é padronizada para evitar qualquer infiltração de contaminantes, seja orgânico ou não orgânico. De acordo com Edson Wendland, professor da USP de São Carlos, que estuda a área de recarga do aquífero há 10 anos, o problema do uso dessa água é que talvez a taxa de exploração seja maior que a taxa de reposição da água. Por isso, a perfuração de mais poços pode conduzir a um rebaixamento do nível da reserva subterrânea.

Além disso, a retirar de água do Aquífero Guarani não é tarefa simples. Exemplo disso é um poço em São Carlos, que após 30 dias do começo da construção, ainda vai demorar mais um mês para ficar pronto. A técnica usada é a mesma para a retirada de petróleo e é preciso muito cuidado para evitar a contaminação da água. Os comitês de bacias hidrográficas, formados por representantes de estados, municípios, entidades civis e grandes consumidores têm a ideia de cobrar pelo uso do aquífero. A cobrança seria feita com base em volume lançado e volume captado, sendo que o usuário que poluísse, seria mais penalizado.

Em uma fazenda de laranja, em Descalvado SP, a produção de laranja ganhou força depois de um projeto para captação no Aquífero Guarani. O sistema despeja em torno de 100 e 180 litros de água por m² por ano. O produtor, Roberto Jank, alerta que a utilização da terra, com alta produtividade e sem desmatar novas áreas para produzir alimentos os produtores precisam ter água, mas precisam fazer uso dela de forma racional, a fim de preservar esse recurso que, segundo ele, é finito para a humanidade.

 

 

 

Fonte: G1

Adaptação: Revista Agropecuária

 

 

 

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