Aspectos genéticos interferem na saúde animal

Os processos de controle de doenças desenvolvidos não enfatizam muito os aspectos genéticos envolvidos na manutenção da saúde do animal, apesar de especialistas em melhoramento e saúde animal e produtores saberem que existe uma variabilidade genética em relação à resistência a doenças, pois alguns animais dentro de uma raça ou animais de algumas raças são mais resistentes que outros.

No entanto, esse aspecto não é ainda considerado nas práticas de controle e tratamento de doenças desenvolvidas até o momento e nem nos programas de seleção e cruzamentos de animais, em decorrência da inexistência de um método de diagnóstico que possa identificar animais geneticamente capazes de resistir a um determinado agente de doença. Isso faz com que a resistência só possa ser identificada na presença da doença, impondo um risco econômico para os sistemas de produção, e dificulta o desenvolvimento de animais produtivos e resistentes até o momento.

Diante dessa realidade, os avanços nas técnicas que têm permitido o mapeamento do genoma humano e o conhecimento da associação genética da resistência e susceptibilidade a doenças nos seres humanos têm impulsionado atividades de pesquisa semelhante nos animais de importância econômica e de companhia. Mapas genômicos das espécies animais estão em andamento em vários laboratórios ao redor do mundo.

Conhecer o genoma dos animais e dos genes que conferem resistência permitirá aos geneticistas selecionar animais com base na resistência, sem que o animal necessite ser submetido ao agente causador. A seleção desses animais e a sua possível priorização para uso nos sistemas de produção modificará as práticas de controle e profilaxia de doenças, já que os rebanhos serão constituídos por animais resistentes ou com elevado grau de resistência. Essa seleção poderá contribuir para o bem estar e para a expressão do potencial produtivo do animal.

Assim, várias doenças serão beneficiadas em termos de controle e profilaxia a partir da identificação e seleção de animais resistentes. Dentre elas, a verminose gastrintestinal dos ruminantes tem recebido a atenção de alguns grupos de pesquisa. A razão é que as práticas de controle dessa parasitose são altamente dependentes do uso de anti-helmínticos, tanto nas medidas curativas como nas preventivas. O uso de animais resistentes é uma estratégia importante para reduzir o uso intensificado desses compostos, já que animais resistentes podem requerer tratamento a uma frequência menor que os animais vulneráveis.

Nessa empreita, pesquisadores buscam associar as observações da ocorrência da verminose nos rebanhos com o seu genoma na busca por genes que possam ser utilizados em testes efetivos na identificação de animais susceptíveis e resistentes. Com o uso desses testes diagnósticos, os animais resistentes e que possuam as características de produção desejáveis para os sistemas de produção, poderão ser selecionados para o cruzamento e ampliação do rebanho.

No Brasil, a Embrapa Gado de Leite em associação com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Embrapa Pecuária Sudeste, ESALQ, UFMG e IZ realiza estudo que visa identificar marcas no genoma de vacas e touros mestiços resultantes do cruzamento de Gir com Holandês. No estudo, os animais submetidos aos experimentos irão caracterizar a resistência ao parasitismo por carrapatos, tristeza parasitária e verminose gastrintestinal.

Em pequenos ruminantes, várias observações visando à caracterização da resistência de caprinos e ovinos foram também conduzidas tanto nas unidades da Embrapa como em universidades e institutos de pesquisa estaduais. Esses estudos confirmam haver variabilidade genética entre diferentes raças e entre animais de uma mesma raça. Em suínos a pesquisa está voltada para a busca de marcadores associados à resistência à toxoplasmose; uma doença de importância para a saúde pública, diarréias e edemas pós-desmame, entre outras. Em aves, os alvos principais têm sido a doença de Mareck e a coccidiose.

Além das atividades em andamento nas unidades da Embrapa e em algumas universidades e institutos de pesquisa, a Embrapa, por intermédio do Laboratório Virtual da Embrapa no Exterior (LABEX), trabalha em sintonia com os pesquisadores do Serviço de Pesquisa Agrícola dos Estados Unidos. O conjunto pretende reduzir o tempo necessário para que os testes que identificam animais resistentes sejam disponíveis aos sistemas de produção americanos e brasileiros. Tal possibilidade é de grande impacto para os sistemas de produção de animais de pasto, pois poderão ser produzidos sem o uso intensivo de compostos químicos, o que contribuirá para a segurança alimentar dos derivados animais consumidos nos países em acordo.

Fonte: Agro Mundo

Adaptação: Revista Agropecuária  

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