Desafios da produção agropecuária brasileira

O mundo está passando por um momento onde muitos desafios surgem diariamente no mercado, e na agropecuária isso não é diferente. Com o advento do crescimento populacional, o Brasil tem sido cotado como um dos grandes responsáveis pela produção agropecuária, recebendo a responsabilidade de suprir grande parte desta demanda mundial em função da sua evolução e eficiência na produção dos últimos anos. De acordo com dados da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), a agropecuária no Brasil representa atualmente 22,4% do Produto Interno Bruno (PIB) nacional e 37% dos empregos formais no país, além de ser responsável por 37,9% das exportações.

Segundo estimativas divulgadas pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), no dia 31 de outubro de 2011, o mundo atingiu o marco de 7 bilhões de habitantes, superando as expectativas que afirmavam que este marco seriam atingido somente no final de 2012. Entretanto, órgãos como a US Census Bureau e outros institutos de pesquisas estatísticas Norte-Americanos discordam dos dados apresentados pela ONU e afirmam que a população mundial ainda está na faixa de 6,95 bilhões e realmente deverá alcançar a marca de 7 bilhões de pessoas entre março a junho do próximo ano.

Independente da metodologia estatística e matemática aplicada por estes institutos de renome internacionais para estas estimativas, fato é que a população mundial está crescendo a taxas elevadas, visto que em uma década, houve um aumento de praticamente um bilhão de pessoas no planeta.

Atualmente, o Brasil é auto-suficiente quanto à produção de alimentos, segundo dados da Confederação Nacional de Agricultura, exportando o excedente para outros países. Porém, a meta brasileira é acompanhar o ritmo de crescimento populacional a fim de atender as demandas internas e grande parte do mercado externo, principalmente por ser um país com extensão territorial muito grande e com diversidade de solo e clima, o que proporciona o cultivo das mais diferentes espécies de plantas e animais.

Têm-se falado muito em produção de alimentos e a visão de ter o Brasil como celeiro do mundo, entretanto, é preciso observar que o foco não é apenas a produção de vegetais ou animais para a alimentação humana, o foco agropecuário brasileiro vai muito além, englobando os mais diversos setores e demandas.

Não é necessário sair do ambiente de onde estamos para refletir sobre este aspecto, olhe para o seu entorno e observe quantos produtos ou objetos estão a sua volta e que dependem direta ou indiretamente da produção vegetal, produção florestal ou produção animal? A grande maioria das matérias primas industriais e para processamento estão interligados com o setor agropecuário, portanto, os desafios são imensos para a produção nacional.

Quando se pensa na produção de alimentos é necessário conciliar a otimização e aumento da eficiência desde o pequeno produtor, o qual muitas das vezes é o grande responsável por produções significativas de produtos olerícolas, cafeeiro, leiteiro, além da avicultura de corte, postura, produtos orgânicos e agroecológicos, entre outros, até o médio e o grande produtor que trabalham com elevada tecnologia na produção de grãos, cereais, gado de corte, entre outras atividades. Para isso, programas de crédito, incentivos fiscais e produtivos devem ser ampliados pelo governo, além da melhoria das empresas de assistência técnica e extensão rural estaduais para que estas consigam ter melhor estrutura e serem mais atuantes, alcançando resultados mais eficientes em função da maior abrangência territorial.

Além da produção de alimentos, temos outras produções agrícolas de extrema importância interligadas com este ciclo, pois com o crescimento populacional mais pessoas terão que se vestir, mais móveis serão consumidos, haverá maior necessidade de produção de energia limpa e renovável, haverá maior fluxo de veículos, além do fornecimento de diversas matérias primas para as diferentes industrias e seguimentos.

Neste contexto, culturas como o algodão, assumem papel fundamental para a indústria têxtil e para produção de fibras. O setor de florestas comerciais também deve ser estudado com muita atenção de forma que se tenha produção suficiente para atender os diferentes setores que dependem destas espécies, como o setor de celulose, lenha, carvoaria, moveleiro, látex, princípios ativos, etc.

A Cana-de-Acúcar é outra cultura que tem um papel fundamental, sendo quase que exclusivamente voltada para a produção de combustível renovável (Etanol) e açúcar, neste mesmo enfoque ainda é necessário que se tenha espaço para o cultivo de plantas como Girassol, Mamona, Dendé, Soja, entre outros que entram na linha dos biocombustíveis, farelos e óleos, sendo de grande importância a valorização e expansão deste mercado para atender as demandas dos inúmeros tipos de veículos e máquinas que frequentemente utilizamos (Carros, motos, barcos, aviões, tratores, colhedoras, pulverizadores, etc), além da alimentação animal e humana.

Outros setores como a produção de borracha, produtos de couro e seus derivados, fungicidas, inseticidas, herbicidas, princípios ativos medicinais, produtos apícolas e melipônicos dependem direta ou indiretamente da produção agropecuária.

De modo geral, o processo é muito mais complexo do que simplesmente alimentar a população mundial, é necessário atender todas as demandas vitais e sociais destas pessoas, produzindo de forma sustentável. Para isso é necessário aumentar a produtividade das áreas já existentes para as atividades agropecuárias, recuperar áreas degradadas, aumentar à acessibilidade a tecnologia e processos de conservação do solo e da água, atuar na melhoria da infraestrutura para o transporte e escoamento da produção nacional e trabalhar com ações de conscientização no sentido de reduzir o desperdício desde o momento do plantio até o momento em que este produto, seja ele alimentar ou material, chegue ao consumidor.

 

Autor: Josimar Rodrigues Oliveira (Engenheiro Agrônomo)  

 

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