Técnica de esterco com fungo combate parasitas em animais

A técnica - criada e patenteada por pesquisadores da UFV (Universidade Federal de Viçosa) - aproveita-se do antagonismo natural que alguns fungos têm com os vermes como forma de combater os parasitas.

Assim, diminui-se a quantidade de remédios (vermífugos) necessários no rebanho. Além da economia financeira para os produtores com a redução do uso dos medicamentos, também há vantagens para a saúde de quem consome carne, leite e derivados desses animais.

"O vermífugo pode estar presente nesses subprodutos, como carne e leite e, muitas vezes, não há testes suficientes para controlar o nível dessa substância", diz Jackson Victor de Araújo, professor que comanda o trabalho.

"Em excesso, o consumo dessas substâncias pode ser prejudicial às pessoas", completa o especialista.

Arma natural - Embora letais para os ovos e larvas dos vermes, esses fungos são inofensivos aos animais e às plantas, assim como aos seres humanos que vierem a consumir a carne e o leite desses rebanhos.

Eles já existem na natureza, mas têm sua concentração potencializada para deliberadamente combater os parasitas dos bois de maneira significativa e duradoura.

De acordo com os pesquisadores, a melhor forma de fazê-lo é simplesmente adicionando um pó concentrado à alimentação dos bichos. Misturados à ração ou ao sal vegetal que os animais consomem, os fungos passam pelo aparelho digestivo do animal sem causar grandes efeitos prejudiciais.

Eles só começam a agir quando saem do animal, misturados às larvas e ovos dos parasitas nas fezes. Além de atuarem contra os vermes diretamente no cocô, esses fungos conseguem se espalhar pelo entorno, ampliando seu poder exterminador de parasitas. Segundo Araújo, os fungos agem "limpando" o ambiente, enquanto o remédio atua diretamente no verme que já está no animal. "Uma coisa complementa a outra, mas é claro que com o ambiente com menos ovos e larvas, haverá menos contaminação", explicou.

Segundo ele, os vermífugos não serão completamente eliminados, mas sua necessidade cairá significativamente no futuro. "O objetivo é combinar os dois."

A técnica já está em estado avançado de testes e aguarda registro no Ministério da Agricultura. Segundo Araújo, o produto deve entrar no mercado até o fim do ano.

O professor diz que, considerando o baixo custo de produção, o preço final para o produtor não deve ser alto.

Em humanos. Segundo o professor, porém, é cedo para  falar em uma terapia voltada para pessoas.

"São muitas questões éticas, além das implicações técnicas", disse. Ainda assim, afirmou que esse uso não estaria completamente descartado.

"Poderia ser útil, por exemplo, em comunidades isoladas com grande necessidade de controlar esses parasitas."

 

(Fonte: Giuliana Miranda/ Folha.com)

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