Uma das culturas mais utilizadas em parte do estado do Rio Grande do Sul é o plantio de arroz em solos hidromórficos, aqueles encharcados, aptos para essa cultura. Existe, porém, a procura por outras culturas para fazer rotação com o arroz, e uma das mais visadas é a soja. O problema é que a soja não se adapta a esses solos que sofre pela falta de oxigênio presente neles, inviabilizando a produção.
Nisso pesquisadores da Embrapa estão tentando criar cultivares de soja tolerante às condições desse tipo de solo, possibilitando o plantio em 5 milhões de hectares, que vai da fronteira oeste, passa pela metade sul e chega até o litoral gaúcho, espaços utilizados, atualmente, para plantio de arroz irrigado.
"O estresse do encharcamento afeta grande parte do território gaúcho. Dos cinco milhões de hectares hidromórficos, três milhões são destinados à cultura do arroz irrigado. A soja vem ganhando espaço nessas áreas, em sistemas de rotação com a cultura do arroz, e hoje já ocupa uma área superior a um milhão de hectares", explica a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) Beatriz Emygdio, líder do projeto de pesquisa - denominado Prospecção de genes para tolerância ao estresse de encharcamento em soja.
"No entanto, em razão das condições dessas áreas, a produtividade média da soja ainda é muito baixa, se comparada às produtividades alcançadas no norte do estado", complementa Beatriz.
De acordo com a pesquisadora Ana Cláudia Barneche, também da Embrapa Clima Temperado, "há muita demanda no setor produtivo do arroz por cultivares de sojas tolerantes ao encharcamento".
O objetivo da pesquisa, feita pela Embrapa Clima Temperado, Embrapa Soja (Londrina/PR) e Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), é identificar cultivares de soja com maior tolerância ao estresse, permitindo uma maior adaptação às condições do encharcamento e um consequente aumento de produtividade.
Até agora os resultados do projeto já identificaram cultivares comerciais com tolerância ao encharcamento e gerou um banco de dados com sequências gênicas relacionadas ao estresse.
Para analisar os resultados do projeto e definir os próximos passos da pesquisa, os pesquisadores reuniram a comunidade científica, em Pelotas, nos dias 17 e 18 de agosto em um workshop. O evento contou com a participação do pesquisador americano Takeshi Fukao, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos), um dos principais nomes da pesquisa sobre estresses abióticos.
Iniciado em 2008 e conclusão prevista para março de 2012, o Projeto é financiado pelo Fundo Embrapa-Monsanto.
Fonte: Embrapa Adaptação: CPT Cursos Presenciais
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