Com aplicação de pacotes tecnológicos a pecuária pode se tornar mais lucrativa

O Rally da Pecuária passou na noite de segunda-feira (24) por Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. A intenção do Rally da Pecuária, que está em sua segunda edição, é democratizar as informações sobre o setor no Brasil. A expedição é composta por cinco equipes que percorrerão 45 mil quilômetros em 9 estados, que juntos representam 75% do rebanho e 85% da produção de carne bovina do país. Através de paradas aleatórias, os técnicos coletam informações que vão da cria à terminação, seja a pasto ou com alta tecnologia em confinamento, e reúnem dados sobre condições de pastagens (tipos, uso, homogeneidade, volume de massa, principais invasoras, altura, matéria seca) e sobre o rebanho em si (escore corporal dos animais e principais raças).

A palestra sobre o mercado da pecuária, ministrada pelo consultor Maurício Nogueira, da Bigma Consultoria, esclareceu que a criação de bovinos de corte por muito tempo foi o "patinho feio" da produção agrícola, mas as margens apertadas de lucro da atividade estão forçando a cadeia intensificar a produtividade e implantar novas tecnologias.

Para os próximos dez anos, há projeção de que o setor da pecuária brasileira passe aproximadamente 12 milhões de hectares para aumento de área da agricultura, impulsionado pelo consumo crescente de grãos, bioenergia e produtos de reflorestamento. "No ritmo que a pecuária está hoje, intensificando lentamente a produção até 2022, poderá passar somente oito dos doze milhões de hectares para a agricultura, o que é insuficiente".

Caso ocorra uma queda de braço entre agricultura e pecuária o Consultor Maurício Nogueira aponta que existe uma solução nas próprias amostras coletadas pelo Rally da Pecuária. Em uma das propriedades visitadas pela expedição foi encontrada uma área de 80 hectares com alta tecnologia aplicada na adubação que permitiu a produção de 41,6 arrobas/hectare/ano, onze vezes maior que a média nacional, de 3,64 arrobas/ha/ano. A fazenda investiu R$ 292 092,05, uma média de R$ 3 255,8 por hectare, e obteve um lucro de R$ 53 042,88 (R$ 658,92, ou 15,82 arrobas por hectare). "É possível fazer com que a pecuária seja mais lucrativa que a agricultura. A partir de uma produção de 35 @/ha/ano o pecuarista obtém o mesmo lucro, mas ele tem que aplicar um pacote tecnológico similar ao usado na produção de grãos", pondera Nogueira.

Em relação ao desmatamento e o uso de área o aumento da produção agrícola, seja na agricultura ou pecuária, não poderá depender da abertura de novas áreas. Embora ainda haja fronteiras agrícolas a serem exploradas, como é o caso do MAPITOBA (fronteira quádrupla entre Maranhão, Piauí, Tocantins e, em um grau menos expressivo, a Bahia), os alimentos serão produzidos ou pelo melhor aproveitamento de áreas pouco produtivas, como é o caso de pastagens degradadas, ou pela intensificação da produção.

Em se tratando de pecuária, dentro do ciclo completo (cria, recria e engorda), a cria sempre foi o maior gargalo. Em série histórica monitorada desde a década de 1950 (dados do IEA/Cepea/Esalq/USP), o boi gordo era valorizado sobre o bezerro em cerca de 20% até os anos 80, apontando o desequilibro entre oferta e demanda. Esta relação de troca é, em média, de 3,14 bezerros por boi gordo. Segundo a análise de Maurício Nogueira, o desmatamento sempre dependeu da pecuária, não o contrário. "Quando o Brasil se expandia e havia interesse em abertura de áreas, era a pecuária que explorava a região em primeiro lugar".

Por usar a pecuária como forma de expandir fronteiras, o Brasil sempre produziu mais bezerros do que realmente precisava para engorda e abate. A média de troca que hoje é de 2,3 bezerros por boi gordo, em breve será menor que 2 e forçará os pecuaristas que fazem recria e engorda de gado a aplicar tecnologia ao seu sistema produtivo. "E o mais interessante é que quem corrige tudo isso é o mercado. Só não corrigiu antes porque o avanço agrícola fez com que a pecuária produzisse mais bezerros que abatia boi gordo", sintetizou Nogueira.

Sobre o Rally da Pecuária em 2012:

O Rally da Pecuária deste ano já passou pelos estados de Goiás, Tocantins, Pará, Mato Grosso e Rondônia e visita propriedades de Mato Grosso do Sul nesta semana. Depois disso, percorrerá ainda os estados do Paraná, Minas Gerais e encerra as atividades em São Paulo, completando ciclo de 11 palestras nas cidades de Palmas, Araguaína, Xinguara, Água Boa, Cuiabá, Ji-Paraná e Campo Grande (já realizadas) e Londrina (PR), Araçatuba (SP), Uberaba (MG) e Goiânia (GO). A apresentação dos resultados ocorrerá em outubro na sede da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), localizada na capital paulista. A expedição, organizada pelas empresas Agroconsult e Bigma Consultoria, tem o patrocínio da Dow AgroSciences, MSD Saúde Animal, Vale/Serrana Nutrição Animal, Fertilizantes Heringer e Grupo Marfrig e ainda tem apoio da FIESP, Mitsubishi, INPE e Embrapa.

Fonte: Rural Centro

Adaptação: Revista Agropecuária

 

 

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