Ao pensarmos no agronegócio brasileiro, a produção de bovinos tem um papel importante no valor econômico desse setor. Assim, administrar um rebanho de alta performance requer cada vez mais habilidades que, anteriormente, eram vinculadas apenas a outros setores da economia. Uma delas é a análise dos valores envolvidos, principalmente a análise de custos da pecuária de corte.
Como a pecuária de corte é um dos setores mais promissores da produção nacional, cada vez mais existe a necessidade de analisar economicamente esta produção. Afinal, é com base na informação desses dados que o pecuarista é capaz de entender detalhes do seu rebanho e impacto de mercado. Além disso, é com essas informações que o produtor passa a ser capaz de pensar de forma inteligente fatores como terra, trabalho e capital, para melhorar sua eficiência e produtividade.
Dessa forma, conhecer quais indicadores configuram os custos da pecuária de corte e como determinar seus respectivos valores é um passo importante para aquele que deseja um rebanho de alta produtividade. Por isso, neste artigo abordaremos as questões que tratam desse tema da seguinte forma:
O que é e por que determinar os custos da pecuária de corte?
Quais os tipos de custos da pecuária de corte?
O que compõe os custos da pecuária de corte?
Como atingir a boa gestão?
Boa leitura!
O primeiro passo para a boa gestão nesse segmento é entender, de fato, o que são considerados os custos da pecuária de corte. De modo simples, são classificados como custos da pecuária todos os valores envolvidos na produção, sendo, por consequência, o custo de produção a soma de tais valores. Assim, se destrincharmos o processo produtivo, apareceram fatores como manejo e manutenção do rebanho, mão de obra interna e terceirizada, infraestrutura, alimentação, entre outros, que compõem esse valor final.
Com o primeiro passo dado, entender o porquê de realizar a análise desse custo se torna algo mais simples. Quando o produtor tem em mente que o custo de produção é total dos valores dos recursos gastos (insumos) e das operações envolvidas (serviços), fica claro que analisar esse resultado é um passo importante para se movimentar melhor no mercado. Além disso, conhecendo os custos da pecuária de corte, é possível que o pecuarista faça inferências sobre diversas situações, como por exemplo:
Análise comparativa do custo de produção em relação ao preço de mercado do produto, de modo a entender o índice de eficiência da produção, com estimativas de curto, médio e longo prazo;
Análise comparativa dos custos de produção com os concorrentes, ou uma média dos mesmos. Tal análise oferece uma visão clara da propriedade dentro do cenário de concorrentes avaliado, sendo possível recorrer à ações de benchmark para melhorias ou busca de parcerias em determinados casos;
Determinar a margem de lucro gerada no negócio, assim é possível traçar metas mais precisas e determinar margens econômicas variadas.
Mesmo com algumas dessas estimativas podendo parecer subjetivas para os produtores, elas possuem aplicações práticas na rotina administrativa da produção. São elas:
Identificar e reduzir custos controláveis;
Analisar em tempo real a rentabilidade da produção;
Apontar o preço de venda de acordo com o mercado;
Mais precisão no momento de realizar o planejamento e acompanhamento das operações da pecuária de corte;
Conhecer a rentabilidade do que é produzido.
Entendendo mais sobre como definir e porque conhecer os custos da pecuária de corte, antes de partir para os cálculos propriamente ditos, é preciso entender quais são esses custos. Como mencionamos, o custo de produção é o somatório de todos os custos envolvidos na produção considerando recursos e operações. Diante disso, uma forma de compreender melhor a origem desses valores é compreender como estes são classificados.
De um modo geral, o custo e produção é composto por:
Custos variáveis: são custos que seus valores estão diretamente relacionados com a produção, podendo aumentar ou reduzir. Inclui normalmente custos com alimentação, medicamentos veterinários, impostos e insumos em geral;
Custos fixos: estes custos têm relação com a administração e manutenção da propriedade. Estão inclusos neste tipo, por exemplo, energia elétrica, limpeza e materiais, mão-de-obra e material de escritório;
Depreciação: custos que vem da desvalorização regular de alguns itens e seu uso na produção, como o relacionado a máquinas agrícolas e estruturas de curral.
Além desses, o custo de produção pode envolver ou ser classificado de acordo com outros conceitos. Estes são importantes para entender como determinar o custo de produção e, portanto, compreender melhor os custos da pecuária de corte. A seguir, listamos os principais:
Custo total: este é o somatório de todos os custos de qualquer natureza, podendo ser o custo total de alimentação, despesas veterinárias, estrutura, ou, até mesmo, o custo total de produção;
Custo médio: determinado pelo cálculos do custo total por unidade produzida, podendo também ser definido por tipo, custo médio de alimentação, ou ser o custo médio da produção;
Custos explícitos: são despesas nas quais ocorre o desembolso efetivo de dinheiro (pagamentos, contas, etc);
Custos implícitos: ao contrário do anterior, são despesas onde não há o desembolso efetivo de dinheiro (depreciação das estruturas e maquinário);
Custo operacional efetivo (COE): são despesas desembolsadas pelo produtor para manter o sistema de produção, seno itens variáveis ou gastos diretos;
Custo operacional total: é a soma entre o COE e a parcela dos custos indiretos, ou implícitos;
Custo de oportunidade: é correspondente à renúncia ao benefício por não empregar de forma eficiente um recurso próprio, ou seja, já existente na propriedade. Estes estão comumente inseridos nos custos implícitos.
Além de entender os tipos de custos, é importante que o pecuarista compreenda o que compõe os custos com a pecuária de corte. Alguns desses itens já são comumente reconhecidos pelos gestores, mas muitos ainda são ignorados ou desconsiderados nos momentos de tomada de decisão. Assim, a seguir listamos quais são os componentes do custo de produção:
Dentro deste item estão os gastos com pessoal contratado, encargos sociais, possíveis assistências e consultorias sejam elas agronômicas, contábeis, veterinárias e zootécnicas e mão-de-obra eventual, sazonal ou familiar.
Aqui são englobados custos com todos os tipos de alimentos: grãos, farelos, aditivos, capineiras, pastagens, fenos, silagens, núcleos, suplementos, minerais, entre outros.
Neste grupo, são considerados todos os gastos despendidos na manutenção da saúde, limpeza e vacinação do rebanho e dos ambientes. Aqui englobam-se itens como água oxigenada, agulhas para medicamentos, seringas, álcool, remédios e vacinas, entre outros itens.
Nos custos de reprodução da pecuária de corte são listados os investimentos realizados nas rotinas reprodutivas do rebanho. Aqui estão inclusos gastos com equipamentos e materiais usados.
Neste grupo, o proprietário deve contabilizar os impostos que independem da quantidade de carne produzida. Sendo alguns deles o IPVA e o ITR.
Aqui são considerados os critérios para remuneração do fator de produção da terra, ou seja, o valor do arrendamento praticado na região da propriedade.
Trata-se dos critérios de remuneração do capital como taxa de juros ou taxa de rendimento da poupança, sendo o valor que o proprietário receberia tendo investido o capital em outra atividade.
Quando se fala da remuneração do capital de giro, os critérios são os mesmos do capital investido. Porém, neste caso, costuma-se remunerar apenas 50% do valor do capital de giro, já que esse recurso é usado durante todo o ciclo de produção.
Neste componente, é considerada a remuneração pela atividade de gerenciamento da produção, partindo da estipulação de um valor para o desempenho da função administrativa de toda a produção de gado de corte.
Mesmo considerando os muitos itens listados, algumas despesas podem ainda não se encaixar em seus critérios. Ainda assim, estas configuram gastos e, portanto, devem ser consideradas no cálculo dos custos da pecuária de corte. Alguns exemplos são: itens de identificação dos animais, combustível, impostos variáveis pela quantidade de produção, etc.
Para atingir a boa gestão da produção, conhecer os custos da pecuária de corte é o primeiro passo. É por meio desse conhecimento que é possível inferir sobre questões relativas a operações internas e de mercado que influenciam diretamente na tomada de decisão. Contudo, o caminho para a boa gestão é saber como extrair tais informações.
Com o avanço da agropecuária brasileira, o mercado evoluiu para oferecer cada vez mais aporte tecnológico e especializado ao produtor. Cada vez mais softwares de processamento dos dados da produção fazem parte da rotina de compreensão dos custos e movimentos do rebanho, bem como consultores se especializam em seu ramo para tornar a produção mais eficiente.
Assim, o pecuarista que deseja ser responsável pela gestão, saber delegar as funções necessárias, onde e quando realizar e investimentos e principalmente, qual a melhor maneira de investir, precisa compreender os pormenores da administração técnica e econômica de sua propriedade. Falando diretamente, para ter sucesso nesse mercado, não basta que o pecuarista conheça sobre a rotina de manejo dos animais,ele precisa entender todas as etapas da produção, considerando desde cria, recria, engorda e abate, até a distribuição de fundos e funções. Gerir pessoas, negociar com fornecedores, buscar tecnologias, conhecer como aproveitar os recursos da propriedade, tudo isso são atribuições do responsável por gerir a produção.
Por fim, vale sempre ressaltar que, na falta da experiência, cabe ao pecuarista buscar capacitação. Se capacitar garante conhecimento mais aprofundado na gestão da fazenda, permitindo evoluir nos aspectos administrativos que precisam melhorar.
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Fonte: CPT Cursos Presenciais, Pubvet, Embrapa e LOPES e CARVALHO