Consorciação de Ovinos e frutas

Existem várias informações descritas na literatura, destacando a possibilidade de integrar, no mesmo espaço, a criação de animais com o cultivo de espécies arbóreas, de modo especial de frutíferas; essa atividade tem despertado crescente interesse nos últimos anos, em função do enorme potencial de benefícios que o sistema pode trazer a esse tipo de empreendimento rural. Resultados promissores têm sido observados com essa prática, principalmente em países asiáticos, onde essa alternativa já se torna uma realidade em áreas cultivadas com coqueiros, dendezeiros, seringueiras e mangueiras.

Em Cuba, resultados animadores foram obtidos em estudos de consorciação de ovinos com produção de cítricos. No Brasil, alguns ensaios da Embrapa e de produtores individuais, mostraram ser possível viabilizar esta tecnologia com ovinos em áreas de pêssego (região de Pelotas, RS), com bovinos em coqueirais (litoral nordestino) e com  ovinos em pomares irrigados de mangueiras e videiras (vale do São Francisco).

De acordo com Guimarães Filho et al. (2002), a grande vantagem consiste na redução do custo de produção da fruteira, através da conjunção dos seguintes benefícios:

1) maior eficiência no uso da terra pela incorporação de mais uma fonte de renda;

2) redução dos custos com podas, capinas, roçagens e aplicação de herbicidas;

3) redução gradativa da necessidade de fertilizantes químicos, face à deposição contínua e concentrada das fezes e urina dos animais;

4) redução da incidência de pragas, via consumo pelos animais, do material decomponível,

5) atenuação de problemas ambientais, através de redução ou eliminação do uso de herbicidas e da redução da compactação do solo. Destaca-se, ainda, a complementaridade da integração entre pecuária e fruticultura, devendo seus procedimentos se adequar às necessidades destas. Deve-se destacar que a inclusão de ovinos em áreas de fruticultura é apenas uma atividade complementar, cujo objetivo é obter uma redução nos custos na produção da fruteira em questão.

Entretanto, ressalta-se o grande crescimento da ovinocultura de corte brasileira, em todas as regiões do país. Todavia, atualmente, o sistema enfrenta alguns problemas no que diz respeito às unidades produtivas exportadoras, em especial aquelas que exportam para os Estados Unidos e União Europeia. Estes problemas estão relacionados ao aparecimento de dois casos de salmonelose humana, registrados nos Estados Unidos e atribuídos às frutas brasileiras, fato que levou os importadores a optarem por não comprar mais frutas de áreas em que haja ovinos. Contudo, torna-se necessário maior fundamentação científica para essa restrição, levando-se, então, à medida de limitada duração.

É de fundamental importância a preocupação com o método de pastejo a ser adotado, pois o pastejo indiscriminado, em que não seja levado em consideração um adequado manejo das pastagens, pode acarretar um empobrecimento do solo, provocado pela erosão hídrica, em razão da diminuição da cobertura superficial. Isto pode ser aumentado em decorrência da extração de nutrientes pelos animais, ao consumirem a forragem, mesmo que parte dela retorne ao solo através dos dejetos, contribuindo para a reciclagem de nutrientes.

Apesar dos resultados observados com a utilização deste sistema serem bastante preliminares, estes se mostram promissores. No entanto, tornam-se necessárias as observações sobre o desenvolvimento e aplicabilidade deste sistema, com o objetivo de se definir taxas de lotação adequadas, os efeitos sobre a fertilidade e compactação do solo e a quantificação dos custos de produção e reflexos na produtividade de cada fruta.

 

Autor: Emanoel Elzo Leal de Barros Fonte: Portal Dia de Campo  

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