Bebida muito requisitada e consumida em todo o mundo, o café descafeinado, em torno de 10% do total de sua produção, passa pelo processo de descafeinação, antes de ser comercializado.
Pensando nisso, a pesquisadora Maria Bernadete Silvarolla do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), desenvolveu, através de anos de pesquisa, um café naturalmente sem cafeína, o que economizaria toda a industrialização para se obter um produto descafeinado. Para isso, ela avaliou várias espécies de café arábica, da Costa Rica e com origem na Etiópia. Buscou pesquisar mais de 3000 cultivares de café arábica.
Foram cinco anos de pesquisa em laboratório, avaliando a quantidade de cafeína presente nos grãos. Maria Bernadete estava quase desistindo, tinha avaliado 80% do repertório, quando encontrou três exemplares potencialmente promissores para o objetivo do trabalho. As sementes destes pés de café apresentaram apenas 0,07% de cafeína, enquanto o grão descafeinado industrialmente possui 0,1% e o grão normal 1%. "Para nós, estes casos são mutações, fenômenos espontâneos na natureza", diz Maria Bernadete.
Grande trunfo para o IAC, segundo Bernadete que levará de 7 a 8 anos para que essa variedade se torne comercial, pois ainda serão necessários testes para aumentar a produtividade. O grande potencial deste café, sem cafeína, é o fato de ele manter o mesmo gosto do café normal, enquanto o descafeinado industrialmente não conserva o mesmo aroma e sabor. Além disso, embora, no Brasil, o mercado de descafeinado seja menos de 1% das vendas, no mundo, a porcentagem é 10% e nos EUA alcança 20%. Além disso, a população mundial está crescendo, o que deve elevar o consumo de café.
Agora só resta esperar para o famoso café estar no mercado, trazendo grande aceitabilidade ao público que aprecia a bebida descafeinada, ou tem alguma restrição à cafeína. E uma ótima oportunidade para pequenos produtores cultivar este café. Sendo um diferencial, a variedade terá bem mais valor agregado.
Fonte: Rede Agro Adaptação: Revista Agropecuária