Planejamento de estratégias de manejo que visam propiciar uma produção animal econômica e biologicamente eficiente

O animal quanto mais alimento ingere, mais ele produz e mais eficiente se torna. O consumo de nutrientes digestíveis e metabolizáveis pelos bovinos pode representar cerca de 60 a 90% das variações no seu desempenho. Conservar as devidas proporções relativas à digestão dos alimentos, ao ambiente e à sanidade do animal é primordial.

Para o planejamento de estratégias de manejo que visem propiciar uma produção animal econômica e biologicamente eficiente o conhecimento e entendimento dos fatores que controlam o consumo de forragem em ruminante são premissas básicas.

Uma sequência de eventos forma o sistema de controle do consumo. O material potencialmente tragável é selecionado pelo aspecto e/ou odor. Em alimentos conservados, como a silagem, é importante observarem-se as interações entre as características químicas, fermentativas, microbiológicas e físicas da forragem sobre alterações de consumo. Assim como nas forragens frescas, a qualidade da silagem é determinada pela maturidade da cultura no momento da colheita. Entretanto, a fermentação no silo influencia o valor nutritivo da silagem, reduzindo sua ingestão voluntária e a utilização de nutrientes digestíveis. Os estudos indicam que a presença de ácidos orgânicos e outros compostos, como a amônia e toxinas, tem correlação negativa com consumo de silagem. Esses compostos estão relacionados principalmente com plantas colhidas fora da época ideal (alta umidade), tempo prolongado de enchimento do silo e falta de compactação eficiente.

As teorias que esclarecem a influência do consumo voluntário dos ruminantes admitem ser este mecanismo um produto da ação integrada ou isolada de fatores físicos (saciedade física) e fisiológicos (saciedade química). A regulação física do consumo ocorre quando a ingestão de alimentos é limitada pelo tempo necessário para a mastigação ou pelo enchimento do rúmen. Sendo assim, o tamanho de partículas da silagem acaba assumindo um papel importante no controle de consumo.

Dentro da propriedade um dos primeiros pontos que devem ser observados é o ajuste de máquinas que fazem a colheita da forragem, pois é delas e de seus operadores que depende parte do sucesso da ensilagem. A colhedora não tem somente o papel de separar os segmentos planta-solo, mas, sim, de também promover o corte da planta em um determinado tamanho que seja satisfatório, para que haja fermentação de qualidade e, posteriormente, o produto seja favorável ao consumo dos animais.

O processo de fermentação da massa vegetal no silo é favorecido pela redução do tamanho de partícula da forragem. Entretanto, nos diversos sistemas de produção de forragem no Brasil, é possível encontrar-se uma grande amplitude no grau de corte da forragem sendo ensilada.

Para diminuir o tamanho de partícula da forragem o afiamento das facas de corte e a regulagem da distância entre os conjuntos faca e contra-faca são importantes. Em algumas fazendas a colhedora não passa por nenhuma revisão antes de iniciar a colheita, e o mais grave é que o ajuste do equipamento desde o último dia de uso permanece o mesmo até o final do processo, promovendo a cada dia tamanho de partícula maior. Também é muito comum a observação de grãos inteiros nas fezes de animais que se alimentam com silagem de milho e de sorgo, sendo que parte deste problema está ligada ao estágio de maturação dos grãos, mas os ajustes na máquina também são responsáveis por esses tipos de perdas. Portanto, durante a ensilagem destas culturas, a maioria dos grãos deverá sofrer pelo menos uma fragmentação, decorrente da ação mecânica das facas do equipamento.

A deterioração aeróbia durante a utilização da silagem é outro ponto de estrangulamento que tem influenciado no consumo. O aproveitamento de silos existentes na propriedade e/ou a construção destes, desvinculados da previsão da camada diária a ser removida em função do número de animais a serem alimentados, constituem-se em elevada fonte de perdas de silagem ou da qualidade destas, por ocasião do fornecimento, causando sérios prejuízos à exploração pecuária, na qual o recurso silagem é usado no período crítico de disponibilidade de forragem.

A menor ingestão das silagens que sofreram deterioração pode ser resultado de baixa aceitabilidade, reduzida taxa de passagem pelo rúmen e desbalanceamento no suprimento de nitrogênio e de energia no ambiente ruminal para a efetiva síntese de proteína microbiana. Em função do crescimento de micro-organismos indesejáveis, tem-se a utilização de carboidratos solúveis, compostos nitrogenados e vitaminas. Desta forma, há diminuição no conteúdo celular e aumento percentual na porção referente aos constituintes da parede celular, o que resulta em diminuição do valor nutritivo.

O planejamento das operações dentro da fazenda e a execução cuidadosa do plano estabelecido, restringindo falhas e equívocos, constituem-se no princípio fundamental para o desencadeamento do processo de gestão de qualidade. A técnica de conservação de forragens na forma de silagem não foge deste raciocínio, pois envolve cultivo, colheita, transporte, armazenamento e distribuição, requerendo investimentos em instalações, máquinas e implementos. Dessa forma, a forragem conservada é de alto custo e risco, devendo ser planejada de modo que a relação custo/receita seja favorável dentro do processo produtivo.

As vantagens e desvantagens do uso de aditivos e de novas espécies de plantas com potencial para a ensilagem, com frequência é discutido, mas raramente encontra-se alerta sobre a logística de produção e os fatores que a afetam, pois a impossibilidade de se mensurarem as perdas totais por manejo inadequado na produção e no uso da silagem, ocorridas em fazendas, e a dificuldade de determinar quantitativamente, em trabalhos experimentais, dificultam a estimativa, a percepção e a divulgação do significado para a economia de produção de leite e carne. Dificilmente os produtores acreditam em perdas elevadas, pois só consideram as visíveis, que ocorrem por presença de fungos ou apodrecimento.

No momento de se produzir forragem conservada na forma de silagem para se alcançar resultados compensadores deve se investir na melhoria e a organização de alguns fatores envolvidos no processo produtivo.

Fonte: Grupo Cultivar

Autor: Thiago Fernandes Bernardes (Unesp/Jaboticabal) Adaptação: Revista Agropecuária

 

 

 

 

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