O confinamento é um tipo de sistema de criação de gado onde os animais são separados em lotes e criados em uma área restrita. Para esse tipo de sistema, a propriedade precisa contar com toda uma infraestrutura preparada para os animais. Assim, o manejo é realizado dentro dessa estrutura, com uma dieta balanceada, com foco em melhores resultados.
Esse tipo de sistema permite a modernização da produção leiteira nacional, e vem, aos poucos, substituindo práticas mais tradicionais. Assim, o produtor busca aumentar sua produtividade e melhorar a qualidade do seu rebanho.
Porém, trabalhar com gado de leite confinado no Brasil não é novidade. Desde os anos de 1940, produtores já submetiam os animais a algum tipo de confinamento ao longo da produção. Mas, é a partir dos anos 2010 que esse sistema se espalha para mais propriedades leiteiras do país, ganhando espaço principalmente com o modelo compost barn.
Um ponto importante quando tratamos de gado de leite confinado são os custos de produção. Como o sistema de confinamento acaba elevando tais custos, ele impacta diretamente nos lucros do produtor. Porém, o sistema de confinamento de gado leiteiro garante maior conforto do rebanho e permite um aumento da produção sem prejuízos à saúde dos animais.
Assim, é preciso pensar em qual modelo se adequa melhor para a propriedade e volume de produção desejados. Para isso, vamos te apresentar os tipos e as vantagens de se ter o gado de leite confinado.
Dentro do sistema de confinamento, é possível usar de diferentes forma e estruturas para dividir os lotes e as áreas do rebanho. Cada um desses tipos possui características bem definidas e proporcionam um impacto diferente na produção.
A seguir, vamos definir os principais tipos de sistema de confinamento de gado leiteiro, apresentando suas características e principais vantagens.
Uma maneira de estabelecer o sistema de gado leiteiro confinado no seu rebanho é no sistema de tie-stall. Nesse modelo, as vacas ficam contidas em baias, lado a lado, presas em uma corrente no pescoço. Além disso, nesse modelo os animais recebem alimentação exclusivamente no cocho.
Dentro deste sistema, para que os resultados desejados sejam obtidos, é preciso pensar nas estruturas. Isso porque as dimensões precisam ser respeitadas para que a movimentação mínima dos animais seja mantida.
Por esse motivo, esse sistema é muito utilizado para rebanho menores, de até 60 animais, com alta produtividade. O tie-stall também é muito utilizado em rebanhos localizados em regiões mais frias, pois a proximidade e o tipo de estrutura ajuda no conforto térmico das vacas.
As principais vantagens do tie-stall, estão na limpeza e na qualificação da mão-de-obra. Entre tais vantagens podemos citar:
Limpeza dos animais;
Manejo mais próximo do rebanho;
Mecanização facilitada;
Melhor estrutura de trabalho para os funcionários;
Manejo prático em rebanho menores
Um ponto a ser destacado sobre a aplicabilidade do tie-stall em rebanhos é o bem-estar dos animais. Dentro do trabalho com gado de leite confinado, esse modelo vem sendo cada vez menos utilizado pela necessidade de atenção às estruturas e ao rebanho. Isso porque hoje os produtores veem o bem-estar animal como variável importante na obtenção de melhores resultados.
No modelo loose housing, os animais são confinados em estábulos com uma área coberta de repouso coletiva. Neste sistema, os animais têm acesso a áreas livres, onde podem exercer seu comportamento natural. Isso não impede o acesso à àrea coberta que está disponível para a proteção contra intempéries.
O gado de leite confinado em loose housing possui, na área de descanso coletivo, o chão (de terra batida ou cimento) forrado por uma cama. O material oferecido como cama pode ser esterco desidratado, palha de arroz, areia, entre outros. Além dessas estruturas, existem galpões onde é realizada a alimentação dos animais e a ordenha.
Entre as principais vantagens desse modelo, estão:
Custo de construção menor;
Reconhecimento de animais no cio facilitado;
Animais mais livres.
No loose housing, apesar das estruturas terem baixo custo, elas têm difícil manutenção. Assim é preciso dar atenção à limpeza do espaço, para evitar o acúmulo de fezes e infestação de moscas no espaço.
No modelo de free-stall, o gado de leite confinado fica solto em uma área cercada. Nesse espaço existem divisões com baias individuais e espaços de alimentação e exercícios. Assim, as baias individuais são forradas com materiais como serragem, colchões e areia. Essa área é destinada ao descanso do rebanho e deve ter um tamanho confortável para que o úbere e as pernas estejam dentro do cubículo.
A área cercada do free-stall é constituída de 4 espaços independentes: área de repouso, alimentação, ordenha e exercício. A área de exercícios deve ter um chão cimentado para facilitar a limpeza a manutenção do espaço. Além disso, é importante que o espaço ofereça, pelo menos, 10 metros quadrados por animal.
Além de permitir que as vacas fiquem livres pela área quando não estão sendo ordenhadas, o free-stall oferece outras vantagens para o gado de leite confinado. Entre elas, podemos listar:
Economia no custo operacional;
Fácil mecanização;
Espaço para exercício dos animais;
Menor necessidade de área para repouso em comparação ao espaço de repouso coletivo;
Mais flexibilidade para manejo dos animais.
Apesar de todas as vantagens, o free-stall possui alguns pontos que devem ser levados em conta antes de ser aplicado. Por exemplo, a estrutura necessária para se implantar o sistema tem alto custo de construção. Além disso, requer uma boa manutenção das estruturas, já que é mais trabalhoso manter a sanidade do ambiente.
Para o gado de leite confinado, o compost barn é um sistema alternativo ao loose housing. Neste modelo, as vacas ficam em um galpão, onde podem caminhar de forma mais livre, podendo se exercitar e descansar naturalmente. O confort barn visa melhorar a produtividade por meio da melhor qualidade de vida e bem-estar do rebanho.
Para que o sucesso na produção seja de fato atingido, as instalações oferecidas devem, além de ser bem projetadas, bem manejadas. Assim, uma das maiores preocupações do modelo confort barn no confinamento de gado leiteiro é evitar a umidade na cama dos animais. A cama precisa ser mexida com certa frequência para que o controle de umidade seja feito.
Além disso, o material escolhido precisa proporcionar o conforto do rebanho a um custo acessível para o pecuarista. O manejo correto desse material proporciona uma superfície macia e seca para os animais.
Apesar do manejo da cama não ser simples, esse sistema apresenta vantagens como a compostagem natural das fezes e urina que aquecem a cama de forma sustentável. Outras vantagens desse modelo são:
Maior liberdade dos animais;
Menor índice de problemas com os cascos;
Melhor detecção de cio;
Menos odor devido à compostagem natural dos dejetos;
Menor incidência de moscas;
Menor estresse térmico.
Agora, você já conhece os tipos de confinamento de gado leiteiro, e quais suas vantagens para as produções. Porém, antes da decisão de qual sistema adotar, o produtor precisa ter em mente as condições da propriedade, tanto físicas quanto financeiras. Isso permite que a decisão seja tomada com base em custos de construção, manejo, logística, mas não só isso. Leva-se em conta as áreas disponíveis para construção, número de estruturas e maquinário necessário para cada sistema, além do manejo nutricional exigido em cada modelo.
Tudo isso, requer que o pecuarista conheça muito bem sua propriedade, seu rebanho e o ambiente econômico que o cerca para que a atividade leiteira tenha lucro. Assim, para que o gado de leite confinado seja adotado é preciso conhecimento e experiência.
Por isso, quem quer lucrar com a atividade leiteira é preciso saber gerir de forma correta sua propriedade, o que envolve desde a administração técnica, passando pela administração econômica e chegando no manejo nutricional dos animais. Pensando nisso, você sabe como exercer e/ou gerir todas essas funções na sua propriedade? Não?
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Fontes: Pubvet e Tecnologia no Campo