A agricultura irrigada é um importante mecanismo para obtenção de boa produtividade no setor agrícola. Mais do que um conjunto de técnicas e equipamentos, é importante ter em mente que um sistema adequado de irrigação viabiliza o uso eficiente da água destinada ao atendimento das necessidades hídricas das plantas. Por isso, o produtor precisa sempre priorizar as fases de maior necessidade de água da lavoura. Além disso, na hora de fazer a aquisição dos equipamentos optar por aqueles que possam ser otimizados.
Os agricultores devem estar atentos às formas, práticas e técnicas que favoreçam o aumento da produção de alimentos utilizando a quantidade de água adequada. Afinal, quando a água é fornecida de forma correta estamos falando da agricultura irrigada. Conhecer bem as necessidades hídricas de cada planta, o tipo de solo e a topografia da região e a quantidade de recursos disponíveis permite planejar o manejo racional da irrigação.
Sabemos que sem água não existe vida e que o equilíbrio do nosso planeta depende da preservação desse recurso. Além disso, maior eficiência da agricultura irrigada é sinônimo de maior rentabilidade e segurança para o produtor rural. Continue com a gente até o final deste artigo pois preparamos um super bônus! Boa leitura!
Neste artigo você vai ver:
O que é a agricultura irrigada e por que ela é necessária?
Vantagens da agricultura irrigada com um sistema eficiente
Principais tipos de sistemas para agricultura irrigada
Critérios para a escolha do método de irrigação
Novas tecnologias e irrigação de precisão
Super bônus final!
De modo simples, a irrigação é a ação de fornecer água às plantas de maneira não natural, ou seja, por meio da ação humana. Assim, a agricultura é irrigada é o conjunto de ações, técnicas, estruturas e maquinário que permitem a irrigação em média ou larga escala de culturas e plantações. Ou seja, é graças à agricultura irrigada que alguns terrenos são viabilizados para plantação e alguns tipos de culturas se tornam viáveis em regiões e épocas do que naturalmente não seriam.
Dessa forma, a agricultura irrigada, e tudo que ela engloba, é grande responsável pela expansão da agricultura e desenvolvimento dos setores agropecuário e econômico. Isso porque, com a escassez de água em determinadas regiões (considerando reservas, rios e lagos), e com o clima de algumas localidades, sem esse conjunto de práticas não seria possível o desenvolvimento.
Como pilar da sociedade, a agricultura tem como recurso fundamental para sua produção, a irrigação. Contudo, para que a produção ganhe escala e seja de qualidade é preciso que o sistema de irrigação implantado seja eficiente. Assim, aplicar as práticas da agricultura e irrigada, realizando um manejo e gestão corretos da irrigação proporciona inúmeras vantagens, como:
Aumento da produtividade em duas ou três vezes em relação a agricultura de sequeiro;
Utilização do solo o ano todo com até três safras anuais;
Modernização do sistema de produção;
Aumento da oferta e regularidade de alimentos;
Fim do desperdício de água;
Redução do gasto com energia;
Ganhos reais através de uma propriedade lucrativa;
Segurança no investimento, pois todos sabemos que o risco por falta de chuva pode levar uma propriedade até a falência.
Afinal, não basta você ter a irrigação, é preciso saber administrá-la, pois o manejo errado pode levá-lo a ter grandes prejuízos.
Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA) a agricultura irrigada é responsável por 70% de toda água retirada dos mananciais no Brasil. E mais, uma quantidade significativa desta água é subutilizada em grande parte do território nacional. Com os recursos disponíveis seríamos capazes de irrigar cerca de 30 milhões de hectares. Porém, a realidade dos dias atuais é que usamos apenas 15% disto.
Conhecer cada um dos sistemas de irrigação e suas características é um passo importante para acertar na irrigação. Abaixo listamos os principais, confira:
Considerado o principal método de irrigação, neste sistema a água é aspergida pelo ar imitando uma chuva bem fina. Para que isso aconteça é disposto um ou mais jatos de água que possuem uma grande quantidade de gotas pequenas, dando um efeito de chuva artificial. A principal vantagem desse método é a facilidade de se adaptar a diferentes culturas e topografias por não precisar sistematizar o terreno. Existem diferentes métodos de irrigação por aspersão. São eles:
Pivô-central: neste método, uma área circular é selecionada e uma estrutura suspensa é colocada no centro com uma tubulação que gira em torno da dita área;
Convencional: no método de irrigação por aspersão convencional a água é direcionada para a cultura sob forma de chuva, de maneira intensa e uniforme. Com esse modelo tendo o objetivo de infiltrar toda a água sem que ocorra escoamento superficial;
Convencional fixo: como variante do método convencional, esse tipo de irrigação por aspersão possui suas estruturas fixas. Ou seja, suas tubulações e estruturas necessárias já estarão na área a ser irrigada, eliminando a necessidade de mudanças, seja na linha principal ou nas linhas laterais.;
Ramal rolante (rolão): neste modelo, linhas laterais são colocadas na área designadas sobre rodas de metal, onde os tubos funcionam como eixos nesse sistema;
Deslocamento linear: neste modelo, o sistema segue uma estrutura de movimento parecida com o pivô central, porém se movendo apenas pela longitude da área designada, de modo que todas as torres de desloquem com a mesma velocidade;
Autopropelido: para este método, um canhão único é colocado sobre um carrinho que se desloca, também, longitudinalmente pela área a ser irrigada. Tal carrinho é conectado ao reservatório, hidrantes, por meio de mangueiras flexíveis.
Dos estabelecimentos agrícolas que fazem uso da agricultura irrigada, 18% utilizam o pivô central e cerca de 35% optam por outros métodos de aspersão. Para realizar uma escolha acertada é preciso levar em conta o tipo de cultura a ser trabalhada, a topografia em que a propriedade se encontra, a disponibilidade de mão-de-obra e a disponibilidade de recursos hídricos. Os principais benefícios deste sistema são:
Boa uniformidade na distribuição da água;
Menores perdas por evaporação e infiltração;
Projetos bem conduzidos diminuem o risco de erosão causada pelo excesso de água;
Maior economia de mão-de-obra quando comparado aos métodos de irrigação por superfície.
A microaspersão é um sistema de irrigação localizada que faz uso de microaspersores autocompensados, juntamente com filtros de disco ou tela. Neste caso, a precipitação de chuvas é mais suave e uniforme do que a aspersão. Em virtude disso, muitos produtores optam por este sistema em função da economia gerada com a mão-de-obra e por conta da maior facilidade na aplicação de fertilizantes.
O sistema de irrigação autopropelidos é composto por um aspersor de médio ou grande alcance, que também é conhecido como canhão ou mini canhão hidráulico. A sua estrutura é montada para que possa se deslocar longitudinalmente ao longo da área a ser irrigada. É um tipo de irrigação por aspersão que é movimentado por energia hidráulica gerada a partir da água bombeada.
Com um fácil manejo, sua aplicação é indicada para culturas que apresentam topografia plana ou inclinada. Outro benefício é a facilidade de se adaptar a diferentes culturas como pastagens, frutíferas e plantio de cana-de-açúcar. Apesar das vantagens, é um sistema que demanda muita atenção e planejamento para que possa garantir uma distribuição uniforme da água.
A irrigação por gotejamento é um sistema pelo qual a água é transportada até a planta caindo gota a gota por cima do solo. Fornece o insumo de forma gradual e permite manter a umidade do solo mais próxima possível das necessidades reais da planta. O resultado é a melhora no desenvolvimento das raízes, além de todas as plantas receberem a mesma quantidade de água e fertilizantes.
Nesse sistema é possível preservar a superfície da planta sem molhar e o solo é umedecido na proporção correta. Assim, são reduzidas as perdas por evaporação. Além disso, ocorre o fornecimento regular de água mesmo naqueles lugares onde o recurso não está disponível em abundância. O adubo pode ser fornecido junto com a água de irrigação (fertirrigação), favorecendo aumentos de produtividade. Além disso, este método evita que as plantas daninhas sejam irrigadas, assim fica mais fácil controlar plantas invasoras, insetos e fungos.
Além das mais diversas possibilidades, a agricultura irrigada que usa do gotejamento como sistema pode ter algumas vantagens. Entre elas estão:
Custo baixo de mão-de-obra;
Uso de estruturas, como bombas, que consomem até 50% de energia que a usada em outros sistemas;
Redução de perdas por evaporação;
Mais eficiência na aplicação de fertilizantes e demais agroquímicos e defensivos;
Permite a aplicação em diversos tipos de solo;
Mais uniformidade na irrigação;
Diminuição de ataques de fungos nas culturas;
O grau de declividade da área não limita a aplicação do sistema.
Nesse sistema, a irrigação se dá pela ação da gravidade da superfície do solo. Isso quer dizer que a água é depositada no solo, e por ‘ação natural’ é absorvida e chega às plantas irrigando a cultura. Apesar de ser um método recorrente na agricultura irrigada nacional, a irrigação por superfície possui pouco apelo comercial. Isso se dá, principalmente, pelas especificidades topográficas para sua implantação.
O sistema de irrigação por superfície pode ser aplicado de duas formas:
Sistema em nível: aqui a área irrigada é plana, com menos de 0,1% de declive, com variações entre os modelos: tabuleiro, faixa em contorno e sulcos em contorno;
Sistema em declive: neste tipo de irrigação, a área onde o sistema é implantado está, como o nome sugere, em declive (de 0,1% até 15%). Esse sistema tem as seguintes variações: faixas em declive, canais em contorno, sulcos em declive, corrugação e sulcos em contorno.
Alguns benefícios desse modelo são:
Baixo custo, tanto fixo como operacional;
Equipamentos simples e fáceis de operar;
Pouca interferência do vento;
Facilmente adaptável para os mais variados solos e culturas;
Redução do consumo de energia;
Pode ser realizada com águas com sólidos em suspensão.
Vimos que existem várias formas de fazer agricultura irrigada e o tipo de sistema utilizado vai depender da disponibilidade de recursos e do tipo de cultura adotada. Dar atenção especial para a escolha do método mais adequado proporciona diversas vantagens a médio e longo prazo.
A escolha do sistema de irrigação ideal para a propriedade, vai um pouco mais além de conhecer os sistemas mais utilizados. Entender quais são esses sistemas e conhecer quais suas vantagens, são apenas o primeiro passo para se ter sucesso com a agricultura irrigada.
Primeiramente, a escolha o tipo de sistema utilizado vai depender de alguns fatores locais, relacionados aos seguintes pontos:
Cultura: sistema radicular; os coeficientes da cultura em relação à evapotranspiração de referência, etc.;
Solo: características hídricas, como infiltração, curva característica de água, massa específica, etc.;
Local ou campo a ser usado: topografia do terreno, meios de comunicação, energia elétrica;
Clima: chuvas, evapotranspiração, ventos, temperatura e umidade relativa do ar, etc.;
Parte econômico-financeira: capacidade de pagamento de água, cultura mais viável, etc.;
Fator humano: tendências naturais, educação, instrução, etc.
Dar atenção especial para a escolha do método mais adequado proporciona diversas vantagens a médio e longo prazo. Além disso, é sempre válido ressaltar que, para a implantação de um sistema de irrigação é preciso uma concessão pública emitida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
Ainda pensando no desenvolvimento da agricultura irrigada, quando esse segmento alcança sua era 4.0, a irrigação de precisão ganha cada vez mais espaço entre os grandes produtores. A irrigação de precisão é o conjunto de práticas e ideias que visa a gestão sustentável da água nas propriedades.
Pensando no cenário agrícola, a aplicação da irrigação de precisão consiste, basicamente, em saber quando, quanto, onde e como irrigar, considerando as variações possíveis e presentes no campo. Ou seja, mesmo dentro de uma mesma área a ser irrigada, nesse tipo de prática as variações dentro da porção irrigada são consideradas para melhor aproveitamento dos recursos, considerando a lâmina de água necessária em cada situação.
Esses sistemas permitem ao produtor uma melhor gestão dos seus recursos, evitando o máximo possível de desperdícios e melhor aproveitamento dentro da cultura. Porém, com o número de variáveis aplicadas ao processo, as práticas de irrigação de precisão requerem um sistema automatizado. Isso porque, para garantir que os parâmetros sejam seguidos corretamente é preciso aliar tecnologia e análise de dados do terreno, o que ainda não é viável para muitos produtores.
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Fonte: CPT Cursos Presenciais, Boas Práticas Agronômicas e Embrapa